Com o amanhecer surge a vontade
de fazer algo; de criar; de fazer nascer! É como se o dia destapasse cada traço
sombrio que habita em nós. E surge a luz! Cada fio luminoso que temos é –
finalmente! – revelado. No reflexo da luz, consegues ver a escuridão que existe
em ti sob a forma de um corpo disforme, frio e vazio. Consegues vê-la com os
olhos da Alma. Percebes que há beleza nessa sombra e tanto que ela conta sobre
ti!
Ela dança ao teu redor e sussurra
palavras aos teus ouvidos. Palavras sobre o passado, enganos, enredos e mais
enredos! Ela toca na tua pele, para que sintas a sua própria dor! Ela mostra-te
as correntes que carregas nos pés. Correntes pesadas e cobertas de ferrugem. Ela
envolve-te num abraço onde te sentes desvanecer.
Nessa altura, em que a tua Alma se está a fundir na sombra, sentes o dia nascer! E, com o amanhecer, surge essa
vontade de criar e de renascer. O teu olhar fixa-se na luz. Ela chega de espada
em punho, pronta a resgatar-te das profundezas lamacentas em que te encontras. Com
um sopro voraz, a luz afasta a última camada nublosa que existe no teu coração.
Os teus olhos agora conseguem
ver! Os teus lábios conseguem sorrir! Duas partes tão únicas e distintas a
habitar dentro do teu peito. Em harmonia. Ambas fazem parte de ti. Ambas refletem
quem tu és!