segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A Dança Como Veículo de Cura

Somos Mulheres! Somos Mulheres numa época em que a sociedade valoriza o uso das tecnologias; somos Mulheres numa época em que aparelhos eletrónicos nos rodeiam e fazem parte do nosso quotidiano; somos Mulheres numa época em que as exigências profissionais e as exigências da vida nos retiram tempo e energia para verdadeiramente cuidarmos de nós!
Estamos numa época em que, devido a diversas carências emocionais, refugiamo-nos na comida, em doces e em comprar o que achamos que “nos vai fazer sentir bem”; estamos numa época em que trocamos inúmeras mensagens e comentários nas redes sociais mas, quando estamos com as pessoas que gostamos, temos dificuldade em olhar-lhes nos olhos e em dizer: “Amo-te”!
O que está errado aqui? Precisamos (re)aprender a olhar para nós; para o nosso interior; precisamos (re)aprender a gostar de nós e a cuidarmo-nos; precisamo-nos retirar as “amarras” que a sociedade nos coloca e que nos escravizam num padrão dito “normal” e também aquelas que a nossa própria mente nos coloca.
Se dançar é uma maneira de nos reconectarmos com o nosso centro, connosco, porque não usar a dança como veículo de cura? Porque não usar cada movimento dançado como forma de expressar o que não conseguimos dizer por palavras? Porque não permitir que esses movimentos desbloqueiem o que está guardado lá no fundo? No final, iremos sentir-nos leves; leves e amadas!

Deixa que a tua consciência esteja presente em cada parte do teu dia, para que estejas sempre alerta para as necessidades reais da tua Alma. Deixa que a tua Alma esteja presente quando te moves, quando danças. Dança sem pensar. Mesmo que pensamentos flutuem na tua mente, não te prendas a eles. Não precisas deles. Entrega-te ao movimento; entrega-te à dança. Flui. Apenas flui e confia! 

Grata, Lili! ☼ 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Sentir

Quando sentes um bater no teu peito, que não sabes como explicar. 
Um bater tão forte, tão forte, que não percebes de onde vem. 
Não é o som do teu coração; é algo mais! 
É uma força anímica que te faz ter vontade de gritar… 
É um uivo de lobo que flameja em ti e percorre o teu sangue. 

            É um uivo de lobo que flameja em mim e percorre o meu sangue...
 É um uivo de lobo que flameja em mim e percorre o meu sangue! 


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Somos Lobas

Tu és Mulher e sabes que és Mulher!
Mas como o sentes? Como te sentes?
Como vês a Mulher que está ao teu lado?
Aceita-la? Acarinha-la?
E quanto a ti? Olha para ti.
O que vês? Água turva?
Consegues penetrar em cada parte escura de ti?
Consegues destapar o véu de algas que cobre o teu rosto?


Dispo-me! Dispo-me dos medos e das culpas. Já não preciso deles para continuar. Aprendi a olhar para mim, sem capas; aprendi a aceitar-me e a respeitar-me. Aceitei ser livre e libertar-me das amarras que me circundavam os tornozelos. Soltei os cabelos. Agora exibo a minha juba, tal como o leão! Caminho, mas caminho com a segurança de um felino. E olho! Olho em frente, mas sempre para mim.

Sou loba! Já o era, mas não sabia. Afastei a poeira e vi; renasci.


sábado, 20 de agosto de 2016

Reflexões de Uma Mulher que Dança

Sou uma Mulher que vive no século XXI. O que isso significa? Que, por ter acesso à tecnologia sou mais independente? Que, por ter acesso a estudos sou mais inteligente? Que, por “ser livre sou livre”?
Vivemos numa sociedade industrializada e (quase) totalmente comercializada. Tenho que me sentir feliz por isso? Por ter roupa para vestir? Roupa que, muitas vezes, é feita por crianças e à custa de trabalho escravo? Por ter comida para comer? Comida que é constantemente “vaporizada” com químicos? Por ver animais – que já fizeram parte da minha alimentação, mas já não fazem mais – serem tratados como se fossem meros objetos para o vil prazer humano?
Fatema Merssini questionou – e muito bem! – no seu livro “O Harém e o Ocidente”, o facto de nós, Mulheres ocidentais, nos considerarmos livres. Livres, por podemos usar a roupa que queremos; livres por podermos casar com quem queremos; livres até para decidir se queremos casar ou não! Quando Mulheres muçulmanas têm que se cobrir com o hijab.
Se analisarmos bem, hoje em dia, a televisão, o cinema e todo o tipo de comunicação social transmitem a imagem de mulheres “perfeitas”. Mulheres que não devem ultrapassar determinadas medidas consideradas como “arquétipo de beleza”. Porquê essa necessidade de pressionar as mulheres a terem o dito “corpo perfeito”? Afinal somos mesmo livres?
Aprende a conhecer-te, a conhecer-te realmente. Sem máscaras; sem pressões da sociedade. Aprende a olhar em volta e a descobrir o que faz sentido para ti, lá no fundo. Não permitas que os outros te coloquem limites. Não aceites como certo tudo o que te dizem. Questiona e volta a questionar, caso seja preciso.

Tal como escreveu, em tempos, o heterónimo de Pessoa, Ricardo Reis “Para ser grande Sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. (…)”. E vive! 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Dança VS Sombra

O Ser Humano, seja Homem ou Mulher, comporta, dentro de si, a dualidade. Tal como o dia não existe sem a noite, a luz não existe sem a escuridão. Como podemos perceber essa dualidade? Nas partes da nossa personalidade que, por medo de rejeição, vergonha – ou outro motivo – escondemos dos outros e de nós. Fingimos que não vemos; que não está lá.
Essa é a nossa sombra! É a nossa noite… a nossa escuridão. Assusta, sim, porque não é bonita, não é meiga… é rude, vil… mas faz parte de nós! E sem ela somos incompletos. Puras metades nesta existência. Não somos inteiros! Mais do que mostrar a nossa sombra aos outros, é necessário olharmos para dentro e escavarmos nas profundezas da nossa Alma para olhar de frente a Sombra. É preciso encará-la e aceitá-la como parte de nós.
Como o fazer? Não tenho a resposta certa para ti! Cada pessoa deve caminhar consigo própria, ouvir-se, olhar-se e perceber. Se és pessoa que gosta de movimento, talvez dançar seja a tua ferramenta, tal como é para mim! Talvez ao dançares encontres a tua energia mais visceral e nela consigas ver os dois lados: a luz e a sombra. Talvez, ao dançares, te permitas conheceres-te genuinamente. Talvez, ao dançares, aprendas a olhar para o feio, o inaceitável que existe em ti e descubras que, afinal, não é feio nem inaceitável como julgavas, apenas outra faceta de ti.
Olha para ti! Descobre quem és! Abraça-te e aceita-te assim!


terça-feira, 7 de junho de 2016

Quando Danço

As minhas mãos seguiram a ondulação do meu braço e subiram. Subiram até alcançar as nuvens; até alcançar o céu. O meu peito desenha círculos que mais parecem espirais repletas de cor. O meu ventre revela as ondas do mar, bem calmas, na superfície. Oh, como é bela a melodia que ouço! Como é bela!
Infinitos movimentos nascem das minhas ancas, desvendando galáxias que existem no Universo. Que encanto sublime! Profundas nebulosas circulam à minha volta. Meteoros, planetas… Uma explosão de vida, de conhecimento e de existência! Sabedoria infinita percorre as minhas veias nesta troca de experiências e saberes.
A música que canta o Universo ressoa a plenitude que existe em mim. Cada movimento, cada ínfimo movimento revela as pétalas de rosas que existem no meu Ser. Cada movimento, cada ínfimo movimento demonstra a sintonia de cada raio de Sol com a luz e com a sombra que vivem em mim.
Giro e giro sem parar, embalada pelas profundas ondas dos oceanos. Maresias de encantos percorrem cada batida que faço, cada deslocação. A terra que piso vibra em cada olhar, em cada parte de mim.

Vês como danço? Vês como sou feliz? 

(Foto de Hélder Bernardo)

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A Dança e o Sagrado Feminino


Dançar está-me no sangue! Faz-me sentir viva e feliz! Dançar é arte. Dançar é amor.


Dançar é uma forma de tu, Mulher, comunicares contigo mesma e com o que de mais profundo existe em ti. É uma forma de ligares a tua parte racional ao teu coração. É uma forma de estabeleceres uma conexão direta com quem verdadeiramente és e com o que de mais sagrado existe em ti.
Inúmeros são os benefícios que a dança – qualquer tipo de dança – oferece, sejam eles a nível físico ou psicológico. Quando falamos de Dança Oriental (vulgarmente conhecida como Dança do Ventre), falamos de um aumento considerável de autoestima, da sensualidade, de um melhor conhecimento do corpo e de um alívio do stress. Quando abordamos a parte física, a Dança Oriental melhora a postura corporal, potencia o aumento da flexibilidade, tonifica e define os músculos e melhora as articulações. Estes são, apenas, alguns aspetos gerais que a prática desta dança nos proporciona.
Para quem não sabe, a Dança Oriental existe há muitos anos… era ensinada de Mulher para Mulher e a ela recorriam na altura do parto, para ajudar a futura mamã a aliviar as dores e, também, no momento expulsivo. Aliás, nos dias que correm, vários dos movimentos base desta dança são passados às mulheres nas aulas de preparação para o parto.
A Dança Oriental é, a meu ver, uma dança sagrada. Em cada movimento do abdómen, em cada movimento da anca e do peito está refletida a energia das nossas ancestrais que nos ensinaram, nos guiaram e que permitiram que esta dança continue conosco e em nós!
Se estás a pensar iniciar a aprendizagem de algum estilo de dança, pensa no que pretendes alcançar. É perfeitamente legítimo quereres dançar para te divertires; é perfeitamente legítimo quereres dançar para aliviar a tua mente do stress diário. Contudo, é importante que saibas que a Dança Oriental te vai destapar véus, te vai fazer olhar para medos e bloqueios internos. É importante estares preparada.
Se vale a pena? Claro que vale! Terás um conhecimento muito mais genuíno de quem tu és. Verás a tua essência desabrochar. Se assusta? Sim, por vezes assusta. Nem sempre queremos olhar para dentro de nós e ver-nos, aceitar-nos. Mas é necessário! Cada olhar para dentro de ti é um passo para te curares, para te libertares e te deixares fluir com a vida. Por isso, dança seja qual for o teu medo; dança seja qual for o teu caminho!




Com amor, Liliana.

domingo, 29 de maio de 2016

O Fogo da Vida

Há gente com uma vontade a bater no peito
Uma vontade que queima o velho, o gasto;
Uma vontade que nutre o que é certo.
Há gente com uma vontade a bater no peito.
Gente que sonha, gente que não mente;
Gente que voa e gente que é presente.

Há gente que tem gosto de flor.
Gosto de maresia. Gosto de amor.
Há gente que cheira a morango,
Gente que cheira a borboleta e a pleno esplendor.
Há gente que sentiu sabor amargo
E que o transforma em riso, em doce gargalhada.

Há gente que é fénix num Mundo descontente
E que leva magia onde só há dor.
Há gente que brinca, há gente que sente.
Há gente que acredita, gente que aprende.
Há gente que ama a vida e que sabe Ser gente!


segunda-feira, 23 de maio de 2016

A Dança dos Céus

Este poema escrevi-o há uns anitos, inspirada na Dança Oriental. Espero que gostem! :-D 



Pura arte. Puro Amor. 
Movimentos expressivos de
Sincronização entre e
Música, o corpo e o Universo.
Movimentos inspiradores e livres,
Livres de qualquer negação.

Pura união. Puro sentimento.
A suavidade do ar,
A sedução do fogo,
a perfeição da terra e
a tranquilidade da água. 
Todo o Universo representado
Através de doces sorrisos; 
Deslumbrantes ondulações
E hipnotizantes efeitos.

Pura harmonia. Puro feitiço!


domingo, 22 de maio de 2016

«Poema Solto»

Eu sonho passear livremente
Num campo
Numa época onde a guerra e a inveja
Sejam palavras excluídas do dicionário.
E sorrir, sorrir e gritar
Aos quatro ventos
Que, afinal, o Paraíso existe
E que a serenidade prevalece em mim!

(poema escrito em 2008)


Foto de Teresa Baliño

Dança a Vida

Num Mundo onde ainda dominam as regras do Homem e «ter» é mais importante do que «ser», é urgente resgatar a nossa energia de Deusas! Unamo-nos, Mulheres, para que sejamos Luz e Sombra; para que sejamos um só Ser. Dancemos! Sim, dancemos o nosso corpo, dancemos a nossa Alma, dancemos a Luz que brilha dentro de nós e que pulsa nos nossos ventres! Dancemos unidas pelo resgate dos nossos Seres, como uma verdadeira Tribo!

Sintamos as nossas mãos e os nossos pés na Terra, essa Terra fértil que nos dá alimento; sintamos a chuva nos nossos rostos, com a mesma felicidade com que sentimos os raios de Sol! Sintamos as brisas que nos trazem a chama da coragem para os nossos corações! Despertemos, Mulheres, para o verdadeiro pulsar da vida! Sejamos Deusas em todas as suas faces e Lua em todas as suas fases; respeitemos as mudanças que ocorrem nos nossos corpos e nos nossos Seres!

Amemo-nos! Amemos! Somos todos Almas brilhantes! Que cada passo que dermos seja uma nota de música lançada ao Universo; que cada passo que dermos crie a dança mais bela e pura nos nossos corações! 

Que assim seja!


(Foto de Sofia Marinheiro)


terça-feira, 17 de maio de 2016

Sessão Fotográfica com Teresa Baliño

Para terminar as publicações de hoje, partilho algumas fotos da primeira sessão fotográfica que fiz, associada à Dança Oriental. A fotógrafa, Teresa Baliño (conheçam o trabalho dela!), faz um trabalho maravilho! Adorei a experiência! 







As fotos foram tiradas no Jardim da Estrela, em Lisboa! :-D 

Beijinhos, Liliana! ☼ 

«Pelo Sonho é que Vamos!»

Olá!
Este texto foi escrito entre ontem e hoje. é um prazer partilhá-lo convosco! Desfrutem-no!




Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.
(Sebastião da Gama)

Com cada vida que nasce, surge um broto de esperança. Uma luz que brilha no silêncio da noite. As correntes que nos aprisionam anos a fio são, finalmente, libertadas. Brilham as estrelas do firmamento, por cada alma, por cada Ser. Mulheres despertam; mulheres despertam-se de um entorpecimento imposto.
Tempos de mudanças sussurram-nos palavras de amor! Suspiros de fé são lançados através de olhares de doçura eterna. Pequenos dedos desenham espirais de luz na nossa pele. Crias. Doces crias. É tempo de viver!
Rasgos de sobriedade surgem no horizonte, como raios de sol que beijam a pele nua. Por cada beijo, um sonho; por cada sonho, uma conquista; por cada conquista, liberdade. Liberdade da alma para se tornar pássaro e voar. Voar com asas de cores inimagináveis.
Sonhos? Muitos! Sonhos de magia que desfloram num campo de girassóis. Se acreditamos? Sim, acreditamos e avançamos, pé ante pé, com passinhos de anjo Serafim. Vozes de colibri relembram-nos a essência que respira na seiva das árvores. A fé que nos alimenta mostra-se em olhares com portas para outros Universos.
Sorri! Sorri e sonha com cada gota de água que existe no teu Ser. Respira! Respira e sonha com cada pulsar do teu ventre. Ama! Ama e entrega-te em cada passo que dás; em cada parte do caminho. Sê em ti; sê nos outros; sê na Vida que vive dentro de ti! Sonha!

“Pelo sonho é que vamos, (…)
– Partimos. Vamos. Somos.” "




Grata, Liliana! ☼ 

Ser Mulher num Mundo do Avesso

Escrito há uns dias. O que sentem, ao lê-lo?

"Como é ser Mulher num Mundo em que parece que as pessoas têm os sentimentos fora do lugar? Como ser Mulher num Mundo onde não há tempo? Num Mundo que está virado do avesso? Como conseguir fazer a minha voz se ouvir? Como respirar?

Acreditar na beleza e na harmonia, quando as palavras são meras palavras e o tempo escasseia ou faz-se escassear. Ser… Mas como Ser num Mundo onde só há metades e o querer rapidamente deixa de querer? Haverá algum sentido?

Sonhos desfeitos, corações gelados, num Mundo que está do avesso. Rumos perdidos, caminhos enlameados, pontes cobertas de medo. É um estar e não estar; um Ser, mas não Ser. É a metade; é o vazio; é a sobra! Ser a sobra num Mundo que está do avesso.

Acreditar é possível, quando pedaços de mim vão-se soltando da pele? Quando o querer encontra o não querer, num Mundo que está do avesso? Diz-me se sabes. Eu não sei… tudo está do avesso!"
Grata, Liliana! ☼ 

A Dança do Ventre e o Parto

Para quem não sabe, apesar de ainda não ser mãe, faço parte de um grupo de mulheres que se chama Mães d'Água e que tenta, com muito amor, alterar a realidade de parto que existe em Portugal. Contribuo, por vezes, com alguns textos para o site das Mães d'Água. O texto que se segue é um deles. Desfrutem! 

"Na Antiguidade, a dança era considerada uma forma de ligação entre o Homem e o Divino. Nos Templos, as Mulheres faziam rituais, entregavam oferendas e dançavam. Esses rituais – realizados apenas por mulheres e sacerdotisas – eram de fertilidade. Na época, a Mulher era considerada sagrada! Era respeitada e abençoada, devido à sua capacidade de gerar vida, tal como a Mãe Terra.
Para ser mais específica, os Deuses e as Deusas eram representações da própria Natureza: sol, lua, mar, … Consequentemente, cada fenómeno natural estava associado a um Deus. Por exemplo, quando chovia, tal acontecia porque o Deus da chuva se estava a manifestar; se o mar estivesse agitado, provavelmente o Deus do mar estava zangado; etc.. Todavia, o Ser Humano necessitava de uma energia superior, que fosse a criadora de toda a vida: da vida humana e da dos Deuses.
Após a observação de que apenas as mulheres davam à luz, concluiu-se que todo o Universo teria sido gerado a partir de um grande útero – a Mãe Divina. A partir daí, a ligação entre os rituais de fertilidade que incluíam a dança e a Mãe Terra torna-se mais evidente. Acreditava-se que a mulher, quando grávida, estava possuída pelo divino, o que lhe possibilitava gerar vida.
Se formos analisar as primeiras sociedades matriarcais, os rituais eram oferecidos à Deusa Mãe; na Antiga Grécia (de salientar que a dança fazia parte do sistema de educação obrigatório, dada a sua importância na ligação com os Deuses) à Afrodite e no Antigo Egito à Deusa Ísis. Em muitos desses rituais, as sacerdotisas dançavam criando ondulações com os seus ventres desnudos. Essa era a forma de garantir prosperidade e fertilidade para a terra e para as mulheres.
Essa ligação íntima da mulher ao arquétipo da grande Deusa Mãe está diretamente relacionada com a fertilidade, com a concepção, a gestação, o parto e, igualmente, com os cuidados maternais. Muitos dos movimentos que agora fazem parte da Dança do Ventre eram passados de mulher para mulher, com o objetivo de as auxiliar durante o parto, inclusive no momento de expulsão. Aliás, hoje em dia, alguns desses movimentos são ensinados nas aulas de preparação para o parto, pelo menos em Portugal.
Outro facto curioso é que existem outras culturas com danças características – por exemplo, o Hula, Dança típica no Havai – que incluem movimentos de anca que também fazem parte da Dança Oriental. E, ao analisarmos essas culturas, percebe-se que elas também tinham cultos de fertilidade oferecidos às suas Deusas, dos quais a dança também fazia parte, tal como esses movimentos de anca. Coincidência ou mais uma prova de que os considerados movimentos base da “atual” Dança Oriental são comuns às mulheres de diversas culturas que, devido à sua experiência e conhecimento dos seus corpos, sabiam o que ajudava a aliviar as dores do trabalho de parto e o próprio momento da expulsão?

”A dança do ventre relembra-nos a nossa capacidade de gerar vida; é o nosso resgate do sagrado feminino. Cabe-nos desvendar a nossa essência e levá-la aos ventres de todas as Mulheres."


☼ Renascer ☼

 Olá a todos! :-D 
Sejam benvindos ao blog "Palavras de uma Bailarina"! 
O meu nome é Liliana. Aqui escreverei sobre ser Mulher e sobre o que me vai na Alma. Também partilharei as minhas experiências de bailarina de Dança Oriental. Este texto escrevi-o há mais de um ano. Intitula-se "Renascer". Hoje partilho-o convosco.

"Sou Mulher!

Dentro das encruzilhadas da vida vou seguindo sem pensar. Respiro! Sinto cada pedaço de mim. Tropeço e enrolo-me nas vielas escuras do meu caminho. Caio! Ao meu redor não há nada. Apenas lágrimas e sussurros de dor. Não vejo ninguém. Não sinto mais nada. Vazio! Apenas o vazio e a incerteza neste corpo de mulher.

Vejo a Lua!
Um novo ciclo a começar! Qual será o caminho? Quantas ondas ainda terei que navegar? Rasgos de esperança no horizonte, ainda queimados em sonhos desfeitos. Rasgos de sabedoria enjaulados no luar. Corpo velho; corpo inútil.

Sigo a vida!
As cicatrizes arranham a minha alma. Mas eu estou aqui! Crua! Viva!

Sou Mulher!
… E dentro das encruzilhadas da vida vou seguindo sem pensar!

Sou Mulher!"


Convido-vos a partilharem comigo a vossa opinião/sentir acerca do que escrevo. 

Grata, Liliana! ☼