quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Alma de Andorinha

Sorrisos, rostos e palavras passeiam pela mente daquela andorinha que vejo voar. Memórias de um passado ou de um futuro que ninguém sabe se acontecerá. Olhares que me segredam histórias que acalmam os medos; olhares que abraçam a solidão.
Alma de andorinha que voa! Um voo que flui num céu com cheiro a jasmim. Andorinha que semeia flores no coração de quem conhece e que as rega com os seus sonhos e lágrimas de esperança e fé.

E voa, a andorinha! Voa leve pelos céus! Voa percorrendo os labirintos e nuvens que encontra; voa saudando cada estrela que vê. O meu olhar funde-se no seu, como se fôssemos um único Ser! Torno-me na andorinha que vejo e liberto os medos que me pesam nas costas. Sinto um renascer de todo o meu Ser. Observo e aprendo. Agradeço a quem fez parte da minha história e que libertei. Agradeço a quem se afastou para que aprendizagens pudessem acontecer. Agradeço a quem me mostra que a esperança nunca deixa de brilhar. Agradeço a quem ainda está para vir! Sabes, agora tenho penas e consigo voar! 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Sendo Lua

Sendo Lua em dias em que não vejo o Sol.
Sendo Lua em dias que gotas frias caem do céu.
Sendo Lua quando me sinto capaz de conquistar o Mundo.
Sendo Lua em momentos em que não me vejo capaz de tal!




domingo, 12 de novembro de 2017

Das Cinzas Renasce a Fénix

Chovem cinzas no ar.
Cinzas que trazem retalhos de pele velha que já não faz parte de mim.
Olho para cada pedaço e reconheço cada rosto,
Cada palavra que me feriu e cada medo que deixou.

Ajoelho-me por momentos.
Junto as palmas das mãos e apanho as cinzas caídas ao meu redor.
Quanta raiva e dor estão lá espelhadas?
Quantas lágrimas caíram sob aquela pele que já não me serve?
Quanto sangue derramado?

Aproximo as mãos dos meus lábios
E sopro. Não com a raiva que já senti,
Mas sim com a suavidade que traz o perdão.
Solto as mãos.
Qualquer vestígio de fuligem que ainda existia,
Cai das mãos e da minha alma!




quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Caminhos

Vês esta espiral de pedras que me esconde a visão e me envolve num pantanal de emoções?
Não são mais do que pedras.
Elas não criam barreiras para onde eu me vire; elas embelezam o caminho que percorro.

Vês os meus pés descalços a pisarem a terra?
Eles não sentem frio.
Apenas o alimento que nutre o meu corpo.

Vês a chuva que cai das nuvens em dias de temporal?
Ela não me molha, apenas me purifica a mente
E varre as teias que envolvem o meu coração.

Vês o vento que sopra lá fora?
Ele não me assusta.
Apenas trás-me memórias de mim!

Vês as vozes que parecem querer me pisar?
Não luto contra elas.
Abraço-as. Abraço-as com o maior amor que consigo sentir e partilhar!


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Entrego. Confio!

Ao longo da vida passamos por diversos ciclos. Caminhamos numa espiral de estradas, sonhos e desafios. Caminhamos com pés trémulos; pés cujas memórias nos levam para tempos de dor. Caminhamos com pés seguros; seguros que nem raizes de árvores e sorrisos de crianças ao amanhecer!

Quem sou eu no meio desta neblina que me veste?
Quem sou eu, pergunto? 
Palavras soltas e rimas por rimar? 

Fios longos e brancos tecem as minhas memórias: ondulantes, leves. 
Tenho medo! Medo de não ser capaz; medo de não conseguir. Flutuo nas águas pantanosas do que é escuro. Não há nada ali. Nada! Apenas eco. Um eco seco e sem cor. 

Caminho e deixo para trás cada peso que carrego nas minhas costas. Peso que me faz curvar e fechar o coração. Não o quero para mim! Esteve aqui tempo de mais. Feriu-me com mestria. Ensinou-me. Aprendi. Agora liberto-me! 

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Vozes com Cor

Ouço uma voz distante, bem distante, mas que parece que me fala ao ouvido. 
Ela conta-me segredos de outros tempos; de outras vidas.
Esses segredos têm um toque de jasmim e de azul do mar.
Cheiram a orvalho da manhã
E a fénix renascida das cinzas!

Ouço uma voz distante, mas que parece que me fala ao ouvido
Palavras que não saem da minha boca,
Mas sim das entranhas. 
Lembram o cheiro da terra, após uma noite de chuva.
Lembram o cheiro do arco-íris, num dia de chuva e sol!

Ouço uma voz distante, mas que parece que me fala ao ouvido.
Suaves melodias canta-me ela, num tom de sereia que encanta!
A sua voz tem cor de vulcão,
Cor de Magia
E gosto de açafrão!



sábado, 7 de outubro de 2017

Muros de Medo

Nem sempre te saem palavras para descrever o que sentes.
Nem sempre encontras movimentos onde consigues caminhar livremente.
Cordas amarram-te os braços. Correntes prendem-te os pés.
E caminhas assim, durante bastante tempo.
Dias, semanas, meses e anos passam e tu caminhas.
Mas caminhas cansada; cansada pelas correntes que levas e cuja chave não sabes qual é.
Vês a limitação dos teus movimentos.
Sentes dificuldade na tua expressão.
Percebes que existe uma barreira, mas não a consegues decifrar!

Ervas crescem neste lugar.
Ervas com espinhos.
Ervas que criam um muro quase intransponível de verdade e de dor.
É preciso tocar nelas.
É preciso tocar nelas e deixar os espinhos rasgarem a pele.
Destapa o rosto. Deixa cair as máscaras que ainda existem em ti.
Deixa que o mar te limpe o rosto e te seque as lágrimas que nele habitam.
Deixa que a areia se entranhe nas tuas raízes e te mostre a liberdade que existe dentro de ti.

Acredita! Confia!
Só tu tens a chave para te libertares dessas correntes;
Só tu podes desamarrar essas cordas que te prendem;
Só tu podes te reencontrar no meio desse perder!



terça-feira, 3 de outubro de 2017

Sendo


A Lua continua a crescer, recordando os nossos corações de que tudo flui mesmo quando nos parece estagnado. A vida não pára! Nem quando o medo nos abraça, como se não nos conseguisse soltar. Ela, a Lua, cresce bem lá no alto rodeada de estrelas que nos sussurram canções de embalar.
Olho para elas. Quanta beleza e sabedoria me mostram! Sorrio-lhes. Cada vislumbre do céu revela um mistério de outras vidas. Algumas minhas; outras não. 

Em cada olhar que lanço à Lua, sinto um afago seu. Como se ela me pegasse ao colo e me mostrasse que está tudo bem. Fecho os olhos. Deixo que esta leve brisa me solte os cabelos e leve cada mágoa que vive aqui dentro. Uma a uma vai-se soltando das memórias do meu corpo. Uma a uma vai-se desvanecendo da minha Alma. E eu? Eu fico. Fico com os meus olhos pousados na Lua, aprendendo tudo o que ela me quiser ensinar! 

domingo, 27 de agosto de 2017

Conquistas

Tens memórias daquele dia em que sentiste que não eras capaz de nada? Como se, por mais simples que fossem os teus sonhos, nunca os conseguisses alcançar? Sentiste a impotência e o desentendimento na tua mente e, acima de tudo, no teu coração? Como naqueles sonhos em que caminhas e caminhas e não chegas a lugar nenhum?
Eu também já senti isso. Acredito até que cada pessoa que já se cruzou contigo e comigo nesta vida, já o sentiu. Não há nada de errado nisso! Sabias? Cada sentimento, cada dor deve ser permitida ser sentida, para que a apredizagem aconteça e, principalmente, para que a cura seja possível.
Desafio-te a estares atenta ao céu que te abraça, à lua que te seduz e ao sol que te ilumina. Eles - e as flores, os animais e as pessoas que se cruzam contigo - vão-te dando sinais; pequenas maravilhosas sincronias que te mostram que estás no caminho certo. E, por vezes - ai, por vezes -, voam-te à memória lembranças de dias em que foste mais além do que julgavas ser capaz; dias em que percebeste que não existem limites para o que queres fazer; dias em que a tua consciência flutua acima das nuvens.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Reflexos

Encontrei um vazio tão cheio de ruído. Um ruído ensurdecedor, que me faz esquecer quem sou eu. Ele dá-me a mão, rodeia a minha cintura e sussurra-me sombras e manchas de dor. Vislumbro as sombras, que vão crescendo. Crescem tão alto como a árvore mais longa que encontro no caminho. Suspiro. Não sei o que está a acontecer. Vultos negros - mais negros do que o céu mais escuro que vejo - vestem-se de mim. As minhas mãos movem-se conforme a sua vontade. Os meus pés contorcem-se na terra. Gritos calados de dor! Uma dor lacinante que me perfura o peito.

Olho para mim. Observo-me. Vejo um corpo deformado por lágrimas e raiva. Sinto nojo de mim. 
Escamas rasgam a minha pele. Movo-me sem sair do lugar, tão fortes que são as mãos que me prendem ao chão.
- Quem sou eu? - ouço - Quem sou eu?
Uma vozinha suave - tão suave que lembra a voz de uma mãe - fala comigo. Olho ao meu redor. O mesmo vazio tão cheio de ruído e de dor. 
- Quem sou eu? 
Sinto uma batida forte no peito ao ouvir essas palavras. Olho para ele e vejo. Vejo-o mover-se. Outra batida! E outra! Levo as minhas mãos ao peito e uma onda de calor invade cada sombra que habita no meu Ser. 

Olho-me novamente. Quero perceber o que me está a acontecer. Vislumbro cada canto do meu corpo. Vejo a mesma escuridão. Mas, apesar disso, consigo ver muito mais! Percebo que cada dor que me deforma o corpo leva sabedoria para a minha alma. Percebo que as escamas que caem do meu rosto contam histórias de coragem. 

Levo as pontas dos meus dedos a percorrerem a carapaça que me esconde. Abraço-me. Vejo beleza em mim. Beleza neste corpo que conta histórias; beleza neste rosto que desvenda o que estou a sentir. Abraço-me. Não quero esconder mais quem eu sou. Não quero voltar a sentir vergonha de ser quem eu sou!


Liliana

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Vulnerabilidade

Sinto os meus ossos encolherem cada vez mais  e a minha pele abraçar cada pedaço de mim. Toda eu diminuo - tal como a lua, que sempre mingua! Tudo à minha volta parece grande demais, para aquilo que a minha compreensão pode alcançar: sou pequena outra vez! Vejo uma frágil menina presa num corpo de mulher. Esta menina não sabe quem é! Sente o escuro de tudo o que acontece à sua volta. Mas  não percebe o que vê. 
O seu corpo dói. O que quer que seja que ela faça, não alivia o que ela sente. Ela não sabe o que fazer! Não faz nada. Senta-se num canto, abraça os joelhos contra o peito, sentindo-se definhar. Ela sente-se sozinha. O mundo corre, veloz, à sua volta e ninguém a vê. O medo vem, vestindo o seu manto tão longo, como cada história que ele protagonizou. 
Ela chora. Chora até sentir as suas entranhas remexidas por mãos que não reconhece como suas. Ela chora e deixa-se ficar. Uma sensação incontrolável de vulnerabilidade passeia nas suas veias. Uma sensação de impotência e de incapacidade para fazer o que quer que seja para a tirar daquele beco. Medo? Medo do que não vê... medo do que não sabe... medo de deixar de acreditar... medo de algo bem mais profundo, que ela talvez não saiba o que é!
Ela ainda não sabe como confiar. Ninguém lhe ensinou. Ninguém. Ela terá que aprender sozinha, em cada passo que der. Ela vai aprender! E vai descobrir que, por detrás daquele longo manto de medo, existe um arco-íris infinito de possibilidades e de aprendizagens a fazer. E que, mesmo nos dias em que esta Mulher se sentir novamente criança e perdida, tudo pode acontecer!



Gratidão, Liliana! ☼

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Sim, Danço!

"Porque danço? Danço, porque os meus pés não se sabem deslocar de outra maneira. Danço, porque as minhas mãos ondulam quando sopra o vento. Danço, porque no meu peito vive uma melodia que não tem início nem fim! Danço, porque dessa melodia nascem sorrisos com flores de jasmim!
Quando danço, tudo me é revelado: quem eu sou; para onde devo ir. O Universo percorre as minhas veias e dançamos juntos; os meus olhos vislumbram a lua e mil pássaros rompem o céu com o seu voo. Flores de todas as cores brotam nos meus cabelos e eu danço! 
Danço o amor de que sou feita... Danço a dor que já senti! Danço a sensibilidade que arrepia a minha pele e a força com que desbravo o meu caminho! Danço a Terra que me alimenta; danço o ar que respiro; danço a beleza que vejo e o Sol que me ilumina!"


Gratidão, Liliana! ☼

terça-feira, 23 de maio de 2017

Aceitação


O corpo é o veículo que escolhemos antes de virmos para a Terra, a fim de cumprirmos a nossa missão. Seja qual for o tamanho dele ou a sua forma, precisamos aceitá-lo e cuidar dele. Lembrem-se que ele se deve à nossa escolha para nos manifestarmos nesta vida.
Todos nascemos com um corpo. Há medida que crescemos, ele vai-se modificando. Na adolescência, os seios das meninas começam a crescer e as ancas a alargar. O corpo da então menina transforma-se num corpo de Mulher. O vestuário começa a mudar; a forma das jovens mulheres caminharem; a percepção que têm de si e dos seus corpos.
Estas jovens continuam a crescer e transformam-se em Mulheres maduras. Novas mudanças a acontecer. Novos processos de aceitação. Novas aprendizagens a serem assimiladas. O tempo continua a avançar e mais transformações físicas: o cabelo grisalho, o peito a descair, a pele a perder a sua elasticidade e as rugas a vincarem-se na nossa carne, lembrando as raízes das árvores na terra.
É necessário darmos cada passo com muito carinho por nós; é necessário olhar o envelhecimento do corpo como algo natural. Tal como uma ideia nova que floresce, timidamente, e que adquire um novo rumo, ao crescer. Permite olhar para cada parte do teu corpo e aceitá-la e amá-la, tal como ela é. Permite que cada fio de cabelo branco que passeias na tua cabeça conte uma das imensas histórias desta – e de outras – vidas. E sê feliz assim. No teu corpo. Contigo!





sábado, 29 de abril de 2017

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Fluir

Fluir quando o hábito de depender do medo aperta e não conseguimos respirar.
Fluir quando não mudar traz um conforto para o ego.
Fluir quando não sabes qual o caminho a seguir.
Fluir. Só fluir.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Ver o Mundo com Outro Olhar

Como seria a vida se a olhasses através de uma concha? Uma concha pequena - bem pequena -, com um suave contorno cor de café e um pequeno furo no centro? Tu pegarias nessa concha e, espreitando pelo furo, verias o mundo!

Será que os problemas que estás a vivenciar neste momento seriam tão grandes? Será que encontrarias a sua solução - como se espreitasses os segredos do Universo, através de uma lupa vinda do fundo do mar? Ou será que os teus olhos alcancariam os pormenores? Como aquela nuvem que - sem perceberes como - refletia as cores do arco-íris... Ou como aquela borboleta vermelha que voava em círculos à tua frente, pousando no chão, no exato momento em que paraste para a observar...

Talvez conseguisses ver as cores dos lindos pardais, quando eles abrem as suas asas e partem num voo delicado... Ou talvez visses os tons alaranjados que pintam o céu quando o Sol se retira para longe... E a chuva? Talvez cada pingo de água que cai das nuvens te parecesse uma jóia caída do céu. 

Sorrio, ao pensar. Sorrio porque cada uma destas lembranças viajam em mim, percorrendo cada fio do meu cabelo... cada passo que dou... cada olhar meu!


(Foto: Filipe Raimundo)



sexta-feira, 14 de abril de 2017

RAW II

E há dias que trazem lembranças de dor, que te fazem sentir o Mundo definhar. Junto com o Mundo está uma parte de ti. Ramos que saem dos teus cabelos, queimados e sem vida. Ervas daninhas envolvem o teu peito tocando, ao de leve, no teu coração. Figuras sem forma povoam a tua mente. Criando sombras e espirais no abismo.
Mesmo sem saberes navegar, entras no barco. Entras no barco e deixas-te levar pela maré. Trovões soam no céu. Sentes medo! Percebes que pode não haver amanhã, da mesma maneira singela que percebes que isso não importa. E navegas. Navegas até a maré acalmar. Não fazes nada. Apenas ficas no barco durante o processo. E observas. Observas a magnificência do céu e a força do mar que te rodeia.

E chegas ao teu destino. Não o destino que planeaste para ti; mas sim ao destino que as ondas e a tempestade te fizeram chegar. Talvez não seja o que gostarias que fosse. Mas sabes que onde estavas já não poderias continuar. Deixas cair as lágrimas que ainda se formam no teu rosto. Sais do barco e caminhas em frente. Com passos pequenos, mas seguros! Seguros e cheios de esperança. Não esperança no amanhã. Não. Mas sim esperança no hoje!

sábado, 8 de abril de 2017

"RAW"

Estar vivo... Viver... Que montanha-russa de experiências, sentimentos, sensações... Esta vida tem-me proporcionado tanta aprendizagem! É impressionante (e um pouco assustador, até)! Contudo, é absolutamente fantástico e arrebatador! 
Tenho aprendido a ver o que escondem olhares sombrios ou sorrisos enganadores. Tenho confiado - por vezes muito; noutras pouco. Tenho amado, Tenho escutado palavras e vontades dúbias... sentimentos que não são o que mostram ser. Camadas. Tantas camadas já escavei, até descobrir a verdade. Mudanças. Mudanças mais rápidas que um trovão, numa noite de severa tempestade!

O meu corpo carrega cicatrizes. A minha Alma também. Cicatrizes que contam histórias. Várias. Histórias cruas e cheias de verdade. Histórias bonitas e outras cheias de dor. Em cada passo que dou, aprendo a libertar aquilo que já não necessito; aprendo a não abraçar o que dói. Olho cada ferida, cada mágoa, cada medo e rancor. Vejo-os. Escuto-os. Sei que eles existem. Não os escondo. Mas não me agarro a eles. Não quero! Não preciso!

Sabes, tenho aprendido a não ser escrava das pedras em que tropeço no meu caminho. Tenho libertado bagagem que fui acumulando, ao longo dos anos. Não preciso de tanto para viver. Ninguém precisa! Tenho aprendido a respeitar e a aceitar o meu tempo. Tenho aprendido a escutar-me. A escutar a minha intuição. Tenho percebido a importância do não. É tão difícil dizer não! Mas sabes, já foi mais... 

Tenho descoberto que é tão mais saboroso perder-me nos trilhos do caminho, do que seguir sempre a direito. Tantas descobertas acontecem nesses trilhos! Descobertas sobre mim. Tenho descoberto que a vida é menos densa, se eu cuidar de mim. E que bem que sabe cuidar de mim! Todos os dias! Que bem que sabe perdoar-me e abraçar quem eu sou. 

Perguntas-me se eu esqueci o meu passado? Não, não me esqueci. Cada peça do puzzle trouxe-me até aqui, hoje. E agradeço por isso! Se preciso de o levar comigo? Não. As aprendizagens foram assimiladas. Transformaram-se em algo novo. O resto? O resto liberto e entrego ao Universo, para que ele transforme e renove essa energia em amor.

Se me tornei numa pessoa fria? Houve momentos, ao longo destes anos, em que tive medo de me tornar num Ser amargo e sombrio. Sombra existe em mim - tal como existe em ti e em cada um de nós -; mas percebi que a sombra é minha aliada. Deixei de ter medo da presença dela na minha vida. Quanto ao receio de me tornar numa pessoa amarga? Como pode isso acontecer se são sorrisos que correm no meu sangue? Se partilho e me entrego em tudo o que faço? Se sou eu? Sem máscaras; só amor!

terça-feira, 4 de abril de 2017

A Dança e os Bloqueios




Tu és, tal como eu, alguém que gosta de dançar? A dança preenche a tua vida como se fosse oxigénio para a Alma? Ou é um raio de Sol que entra pela janela num dia em que ligas a música e danças livremente, para aliviar o stress? Ambas as opções são válidas e possuem uma riqueza especial. Porém, vamos olhar para a dança de uma maneira diferente: vamos perceber o que é que os movimentos mais difíceis para nós nos podem mostrar algo sobre o que estamos a sentir e que medos temos vindo a acumular.
Quando o teu corpo flui através da música, que dificuldades encontras nos movimentos de dança? Movimentos com o peito, giros, movimentos de anca? Tal como as doenças manifestam algo emocional e/ou espiritual que deve ser perdoado e curado, o mesmo acontece com a dança. A observação tem sido uma grande aliada e “mestra” na experiência que tenho vindo a adquirir – e que muito agradeço e honro! - até hoje, como bailarina e professora de Dança Oriental.
Se moves o teu peito e sentes desconforto ou pouca flexibilidade, provavelmente és uma pessoa introvertida, tímida e com dificuldade em confiar e amar. Ou, então, o inverso: sentes dificuldade em permitir que te amem. Também pode revelar que carregas algumas mágoas que ainda não foram devidamente limpas e perdoadas.
Se os movimentos que sentes mais “presos” são os que saem das ancas e da zona pélvica, talvez tenhas algum bloqueio/medo relativamente à tua energia sexual. Pode ser algo consciente ou não. Sabes que carregamos, medos no nosso útero e vagina. Por vezes memórias de outras vidas ou de outras gerações. Mas não faz mal! Ter consciência é o primeiro passo para o perdão e para a cura!
Caso a tua dificuldade seja em manter o equilíbrio enquanto giras, pode indicar que és uma pessoa insegura ou que estás com algum medo ou preocupada com alguma situação. Foca-te na zona do teu umbigo. O teu centro de equilíbrio. Contrai a musculatura abdominal e os glúteos. Vai ajudar!
Seja qual for a dificuldade com que te depares quando danças, vê-a como uma aliada para te libertares de algo que já não precisas! A partir do momento em que te tornas consciente do que “não está bem”, tens tudo o que necessitas para te curar e amar. Confia!

Muitas danças, Liliana!




Foto: Lúcia Rodrigues - Mercado Medieval de Óbidos 2016 ☼ 


sexta-feira, 31 de março de 2017

Sombra e Luz

Com o amanhecer surge a vontade de fazer algo; de criar; de fazer nascer! É como se o dia destapasse cada traço sombrio que habita em nós. E surge a luz! Cada fio luminoso que temos é – finalmente! – revelado. No reflexo da luz, consegues ver a escuridão que existe em ti sob a forma de um corpo disforme, frio e vazio. Consegues vê-la com os olhos da Alma. Percebes que há beleza nessa sombra e tanto que ela conta sobre ti!
Ela dança ao teu redor e sussurra palavras aos teus ouvidos. Palavras sobre o passado, enganos, enredos e mais enredos! Ela toca na tua pele, para que sintas a sua própria dor! Ela mostra-te as correntes que carregas nos pés. Correntes pesadas e cobertas de ferrugem. Ela envolve-te num abraço onde te sentes desvanecer.
Nessa altura, em que a tua Alma se está a fundir na sombra, sentes o dia nascer! E, com o amanhecer, surge essa vontade de criar e de renascer. O teu olhar fixa-se na luz. Ela chega de espada em punho, pronta a resgatar-te das profundezas lamacentas em que te encontras. Com um sopro voraz, a luz afasta a última camada nublosa que existe no teu coração.
Os teus olhos agora conseguem ver! Os teus lábios conseguem sorrir! Duas partes tão únicas e distintas a habitar dentro do teu peito. Em harmonia. Ambas fazem parte de ti. Ambas refletem quem tu és! 

quinta-feira, 9 de março de 2017

Mulheres

Sim, somos Mulheres que acreditam na igualdade e no respeito. Respeito pelas diferenças e aceitação de cada Ser! Sim, somos Mulheres que lutam para alcançar o que sonhamos. E não entendemos quando vemos outras Mulheres - nossas irmãs! – serem desrespeitadas, mutiladas, maltratadas, violentadas…
Se vivemos numa época emancipada e rica em conhecimento intelectual, porque é que tais desigualdades continuam a acontecer? Tantas Mulheres lutaram, antes de nós, para que fossem respeitados os seus Direitos; para que a sua sacralidade voltasse a ser reconhecida e honrada. Tantas Mulheres lutam por tempos com mais amor.
É necessário resgatarmos a partilha entre nós; resgatar o sentimento de sororidade, essa forte união e ligação entre as Mulheres, que se uniam, antigamente, para partilhar, ensinar e aprender. É preciso viajarmos para dentro de nós - até ao nosso útero, até à nossa Alma -, em cada dia da nossa jornada e encontrar essa sensação de pertença, de igualdade e cumplicidade.
Em tempos de mudança e de evolução, que continuemos a semear amor nos nossos corações e no Mundo. Que continuemos a cuidar de nós. Que nos permitamos agradecer cada desafio como sendo uma dádiva na nossa evolução. Que nos permitamos fluir e Ser AMOR! Que assim seja! Gratidão!



Lili

segunda-feira, 6 de março de 2017

Há Mulheres...

Há Mulheres que pisam a Terra descalças, para que os seus pés, nús e frios,
Sintam a terra quente do Sol;
Há Mulheres que pousam as suas mãos na Terra e os seus joelhos no chão,
Para que a sua pele, cansada e fustigada pelas intempéries da vida,
Absorva o alimento que as suas Almas precisam.

Há Mulheres cujas histórias roçam o limiar da loucura;
Outras que são marginalizadas pelas diferenças - essas jóias preciosas
Escondidas na parte mais funda de um baú poeirento.
Há Mulheres que olham com a Alma e que falam com as entranhas.
Mulheres que olham a Sombra de frente e que lhe dão a mão.
Mulheres que encaram os seus medos, como aceitam a sua Luz.
Sem vergonha! Sem dor!

Há Mulheres que Amam com cada célula que povoa o seu corpo,
Com cada pedaço do seu Ser.
Mulheres que acreditam. Mulheres que São.
Há Mulheres que vivem aprisionadas em sentires que não são delas,
Muitas sem o saber!

Há Mulheres que choram ao ver a Lua;
Outras que sorriem ao ver o Sol!
Mulheres que Sonham.
Mulheres que vêem.
Mulheres que sabem.

Meninas-Mulheres!

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Empatia Consciente

Há pessoas que, já de si, nutrem de uma enorme capacidade de sentir empatia pelos outros. Sentem as alegrias e as tristezas dos outros, como se fossem suas. Riem, choram e enchem o coração de amor por eles. O que fazer? Sugiro, apenas, que estejas consciente das aprendizagens que podes retirar com essa tua sensibilidade. Porém, sempre com cuidado para não absorveres energias, sensações e sentimentos que não necessitas e que te farão sentir mal!
Desde que comecei a dançar, tenho tido o privilégio de poder partilhar esta arte com outras Mulheres. Tenho aprendido em termos técnicos e musicais. Mas, o mais especial tem sido conhecer outras Almas e permitir-me dançar com elas a música da Vida.
Uma bonita forma de melhorar a empatia quando dançamos com outras Mulheres é através de exercícios: podem ser exercícios de aquecimento ou de alongamento realizados a par; criar sequências coreográficas em conjunto; partilhar medos ou descobertas que a dança nos proporcionou.
Permite-te olhar para as Mulheres que dançam contigo sem rivalidade, sem necessidade de te comparares. Cada uma é um Ser magnífico e completo; cada uma tem cicatrizes de um passado; cada uma é bela da maneira que é. Permite-te levar esta consciência para o teu dia-a-dia e aplica-a a cada pessoa que se cruze contigo.

Gratidão, Liliana!


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Consciência dos Corpos

A dança acontece, fisicamente, através do nosso corpo. Ele é o veículo entre a nossa alma e o movimento que realiza. Tal como nos preocupamos quando adoecemos, em melhorar, a nossa conexão e respeito profundo pelo nosso Templo – o corpo –, é necessária para a nossa saúde física, emocional e vibracional.
Quando adoeces e tomas um medicamento para te sentires melhor, não estás a trabalhar na base do problema; apenas a camuflá-lo. Se sabemos que somos Seres Espirituais – e não apenas um corpo terreno – é fulcral educarmo-nos a cuidar do nosso corpo espiritual. Deixo-te um exercício muito simples para trabalhares a ligação entre o teu corpo físico e o teu corpo espiritual:

 Fecha os olhos e pensa, por momentos, como habitualmente caminhas na rua. Consegues lembrar-te? Avanças com passos apressados, interrompes a marcha várias vezes? E o que pensa a tua mente nesses momentos? Em como te deves despachar, a fim de não te atrasares para o trabalho? No que cozinhar para o jantar?
Consegues perceber que, num momento em que estás simplesmente a caminhar, estás completamente desligada de tudo o que se passa à tua volta, inclusive na totalidade do teu Ser! Desafio-te a, para a próxima vez em que estiveres a caminhar, na rua – seja qual for o motivo – te concentres na tua respiração e em como se move o teu corpo. Só isso! Posteriormente, vai sentindo o ar a tocar no teu rosto, o sol, a chuva. Olha o céu. Como te sentes? Mais tranquila e feliz? Mais presente?

 


Como vês, este pequeno exercício é suficiente para te ajudar a tornar-te mais consciente de ti e do teu corpo. Escreve-nos a contar como te sentiste, após o realizares. Qualquer questão, estou aqui!


Gratidão, Liliana! ☼ 

(Foto: Sofia Marinheiro)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Falhar

Todos nós adoramos fazer alguma coisa: seja dançar, escrever, praticar desporto. Todos nós sentimos que somos bons em algo, em algum momento da vida. Todos nós sentimos que temos um caminho a seguir. Mas e quando esse talento “falha”? Quando vivencias uma situação que te faz sentir que, afinal, não és bom a fazer aquilo que julgavas?
Nessa altura, vem a desilusão, a culpabilização e o sofrimento. Surgem os medos, a angústia de não entender o porquê, a vontade de desistir. E o que fazer com esses sentimentos? O que fazer com esse sentir que está dentro de ti e habita na tua Alma? Fugir não é o caminho; aliás, nunca o foi! É necessário olhar para dentro de ti; olhar para a ferida aberta no teu corpo, no teu coração; é necessário perdoar essa ferida e aprender a amá-la; é preciso aceitar que ela faz parte do teu caminho.
Senta-te, fecha os olhos e escuta; escuta o que diz o teu corpo. Escuta cada dor física, cada dor da Alma. Não tentes perceber nada. O objetivo não é esse! Aceita que essa experiência faz parte da tua vida, mas que não te define. Olha para ti com ternura, abraça-te, deixa fluir e perdoa-te. Não sintas que falhaste, porque não falhaste! Foi mais um passo que deste no caminho da tua evolução. Sê grata por isso!
Não te culpes por ainda não teres conseguido; não te culpes por ainda não ter chegado o momento. Não receies ter desiludido os teus mestres terrenos. Eles estão aqui também para te auxiliarem no caminho (e tu no deles!). Respeita o teu próprio tempo. Quando chegar o momento, vais sentir a tua essência novamente; vais voar na tua energia e ser feliz!

Gratidão! <3


Foto de Edgar Tavares