Sou uma Mulher que vive no século
XXI. O que isso significa? Que, por ter acesso à tecnologia sou mais
independente? Que, por ter acesso a estudos sou mais inteligente? Que, por “ser
livre sou livre”?
Vivemos numa sociedade
industrializada e (quase) totalmente comercializada. Tenho que me sentir feliz
por isso? Por ter roupa para vestir? Roupa que, muitas vezes, é feita por
crianças e à custa de trabalho escravo? Por ter comida para comer? Comida que é
constantemente “vaporizada” com químicos? Por ver animais – que já fizeram
parte da minha alimentação, mas já não fazem mais – serem tratados como se
fossem meros objetos para o vil prazer humano?
Fatema Merssini questionou – e muito
bem! – no seu livro “O Harém e o Ocidente”, o facto de nós, Mulheres
ocidentais, nos considerarmos livres. Livres, por podemos usar a roupa que
queremos; livres por podermos casar com quem queremos; livres até para decidir
se queremos casar ou não! Quando Mulheres muçulmanas têm que se cobrir com o hijab.
Se analisarmos bem, hoje em dia,
a televisão, o cinema e todo o tipo de comunicação social transmitem a imagem
de mulheres “perfeitas”. Mulheres que não devem ultrapassar determinadas
medidas consideradas como “arquétipo de beleza”. Porquê essa necessidade de
pressionar as mulheres a terem o dito “corpo perfeito”? Afinal somos mesmo
livres?
Aprende a conhecer-te, a
conhecer-te realmente. Sem máscaras; sem pressões da sociedade. Aprende a olhar
em volta e a descobrir o que faz sentido para ti, lá no fundo. Não permitas que
os outros te coloquem limites. Não aceites como certo tudo o que te dizem. Questiona
e volta a questionar, caso seja preciso.
Tal como escreveu, em tempos, o
heterónimo de Pessoa, Ricardo Reis “Para ser grande Sê inteiro: nada teu
exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. (…)”.
E vive!