terça-feira, 17 de outubro de 2017

Entrego. Confio!

Ao longo da vida passamos por diversos ciclos. Caminhamos numa espiral de estradas, sonhos e desafios. Caminhamos com pés trémulos; pés cujas memórias nos levam para tempos de dor. Caminhamos com pés seguros; seguros que nem raizes de árvores e sorrisos de crianças ao amanhecer!

Quem sou eu no meio desta neblina que me veste?
Quem sou eu, pergunto? 
Palavras soltas e rimas por rimar? 

Fios longos e brancos tecem as minhas memórias: ondulantes, leves. 
Tenho medo! Medo de não ser capaz; medo de não conseguir. Flutuo nas águas pantanosas do que é escuro. Não há nada ali. Nada! Apenas eco. Um eco seco e sem cor. 

Caminho e deixo para trás cada peso que carrego nas minhas costas. Peso que me faz curvar e fechar o coração. Não o quero para mim! Esteve aqui tempo de mais. Feriu-me com mestria. Ensinou-me. Aprendi. Agora liberto-me! 

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Vozes com Cor

Ouço uma voz distante, bem distante, mas que parece que me fala ao ouvido. 
Ela conta-me segredos de outros tempos; de outras vidas.
Esses segredos têm um toque de jasmim e de azul do mar.
Cheiram a orvalho da manhã
E a fénix renascida das cinzas!

Ouço uma voz distante, mas que parece que me fala ao ouvido
Palavras que não saem da minha boca,
Mas sim das entranhas. 
Lembram o cheiro da terra, após uma noite de chuva.
Lembram o cheiro do arco-íris, num dia de chuva e sol!

Ouço uma voz distante, mas que parece que me fala ao ouvido.
Suaves melodias canta-me ela, num tom de sereia que encanta!
A sua voz tem cor de vulcão,
Cor de Magia
E gosto de açafrão!



sábado, 7 de outubro de 2017

Muros de Medo

Nem sempre te saem palavras para descrever o que sentes.
Nem sempre encontras movimentos onde consigues caminhar livremente.
Cordas amarram-te os braços. Correntes prendem-te os pés.
E caminhas assim, durante bastante tempo.
Dias, semanas, meses e anos passam e tu caminhas.
Mas caminhas cansada; cansada pelas correntes que levas e cuja chave não sabes qual é.
Vês a limitação dos teus movimentos.
Sentes dificuldade na tua expressão.
Percebes que existe uma barreira, mas não a consegues decifrar!

Ervas crescem neste lugar.
Ervas com espinhos.
Ervas que criam um muro quase intransponível de verdade e de dor.
É preciso tocar nelas.
É preciso tocar nelas e deixar os espinhos rasgarem a pele.
Destapa o rosto. Deixa cair as máscaras que ainda existem em ti.
Deixa que o mar te limpe o rosto e te seque as lágrimas que nele habitam.
Deixa que a areia se entranhe nas tuas raízes e te mostre a liberdade que existe dentro de ti.

Acredita! Confia!
Só tu tens a chave para te libertares dessas correntes;
Só tu podes desamarrar essas cordas que te prendem;
Só tu podes te reencontrar no meio desse perder!



terça-feira, 3 de outubro de 2017

Sendo


A Lua continua a crescer, recordando os nossos corações de que tudo flui mesmo quando nos parece estagnado. A vida não pára! Nem quando o medo nos abraça, como se não nos conseguisse soltar. Ela, a Lua, cresce bem lá no alto rodeada de estrelas que nos sussurram canções de embalar.
Olho para elas. Quanta beleza e sabedoria me mostram! Sorrio-lhes. Cada vislumbre do céu revela um mistério de outras vidas. Algumas minhas; outras não. 

Em cada olhar que lanço à Lua, sinto um afago seu. Como se ela me pegasse ao colo e me mostrasse que está tudo bem. Fecho os olhos. Deixo que esta leve brisa me solte os cabelos e leve cada mágoa que vive aqui dentro. Uma a uma vai-se soltando das memórias do meu corpo. Uma a uma vai-se desvanecendo da minha Alma. E eu? Eu fico. Fico com os meus olhos pousados na Lua, aprendendo tudo o que ela me quiser ensinar!