Chovem cinzas no ar.
Cinzas que trazem retalhos de pele velha que já não faz parte de mim.
Olho para cada pedaço e reconheço cada rosto,
Cada palavra que me feriu e cada medo que deixou.
Ajoelho-me por momentos.
Junto as palmas das mãos e apanho as cinzas caídas ao meu redor.
Quanta raiva e dor estão lá espelhadas?
Quantas lágrimas caíram sob aquela pele que já não me serve?
Quanto sangue derramado?
Aproximo as mãos dos meus lábios
E sopro. Não com a raiva que já senti,
Mas sim com a suavidade que traz o perdão.
Solto as mãos.
Qualquer vestígio de fuligem que ainda existia,
Cai das mãos e da minha alma!
Sem comentários:
Enviar um comentário